E o esgoto?

mar 01, 2018
Rubia Marchi

Já parou pra pensar o que acontece depois que você dá a descarga no vaso sanitário? Pra onde vai o efluente? Pra onde vai a água utilizada para lavar as mãos, tomar banho, lavar a roupa, depois que a descartamos?

Todos esses exemplos estão diretamente ligados ao Saneamento Básico. Ao contrário do que muitos pensam, o saneamento não diz respeito apenas ao esgoto sanitário gerado em nossas residências ou indústrias, mas sim ao conjunto contemplado pelos seguintes itens: abastecimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos e ainda, drenagem urbana. São estas as quatro vertentes que compõem o conjunto que chamamos Saneamento Básico.

O Saneamento Básico, num contexto geral, visa preservar não apenas o meio ambiente, mas também a saúde da população, ao reduzir consideravelmente o risco de proliferação de doenças de veiculação hídrica (aquelas transmitidas através da água e do esgoto). No Brasil, o Saneamento Básico é um direito assegurado pela Constituição e definido pela Lei nº. 11.445/2007.

Dito isto, voltemos ao assunto que é tema desta leitura: e o esgoto? Qualquer água que descartamos pelos lavatórios, pias, chuveiros, e outros aparelhos sanitários de nossas residências, passa a ser chamada de água servida. Esta água, depois de utilizada, deve passar por um processo de tratamento, para finalmente ser retornada ao meio ambiente. Isso quer dizer que: após o tratamento, eventualmente a água retornará aos rios, que por sua vez, desaguarão no mar.

Existem várias formas de se realizar o tratamento de esgoto. O principal deles é por meio de estações de tratamento de efluentes (ETEs). Nesta situação, existem tubulações subterrâneas instaladas geralmente sob as calçadas ou vias, que conduzem o esgoto das edificações até um local específico onde está implantada a ETE. É na ETE que acontece o processo de tratamento do efluente, em que a matéria orgânica é separada da água. Da mesma forma que citado acima, a água retorna ao ambiente e o lodo (que é resultado do processo de decomposição da matéria orgânica) é levado para ser adequadamente descartado em aterros sanitários.

No entanto, o cenário do Saneamento Básico no Brasil, não é dos mais favoráveis. Boa parte da população não tem acesso à água tratada, imaginem então quando se trata de coleta de esgoto, resíduos sólidos ou drenagem… Sequer existe.

Há também outras situações em que alguns serviços são atendidos e outros não. Vamos trazer a discussão pra mais perto da gente e usar um exemplo prático: aqui em Brusque, nós temos água tratada, coleta de lixo e drenagem urbana em quase todo o território; mas (ainda) não temos rede coletora de esgoto e ETE.  O investimento necessário para a instalação da malha da rede coletora em todo o município e da ETE, o relevo natural irregular e o crescimento urbano acelerado, são só alguns dos motivos que podemos citar para explicar a ausência deste sistema. No entanto, isto não quer dizer que estamos lançando esgoto bruto (que é como chamamos o esgoto sem tratamento) nos rios, muito pelo contrário.

Em situações como a do nosso município, que são comuns em outras cidades brasileiras, existem formas de se fazer o tratamento individual de esgoto, ou seja, cada cidadão é responsável por instalar um sistema de tratamento individual em sua propriedade para que o esgoto produzido em sua residência (ou empresa) seja tratado e aí sim, encaminhado para descarte final, seja na rede pública de drenagem, seja em algum curso d’água próximo. Aqui em nossa cidade, a solução aceita é o sistema composto por tanque séptico (fossa) e filtro anaeróbio. O volume que o sistema deve comportar é proporcional à quantidade de ocupantes da edificação, e deve estar previsto em cálculo e projeto específico, aprovado por sua vez, pela Vigilância Sanitária de Brusque.

Por isso é tão importante que o cidadão também tenha consciência de sua responsabilidade: ligações clandestinas de esgoto sejam de residências ou daquela empresa irregular, edificações construídas sem aprovação da Prefeitura Municipal, sistemas instalados sem saída para descarte, apenas aumentam a poluição no meio ambiente e o risco de proliferação de doenças.

Sempre que pensar em descumprir a lei ou perceber que seu vizinho o fez, pense também que o esgoto bruto que você ou ele está lançando no rio, é o mesmo rio que tem água captada para tratamento e distribuição de água à população; que sacia a sede de animais; que fica próximo daquela casa em que mora uma família que têm crianças, e apenas, não faça.

É importante que cada um cumpra seu papel de cidadão, para que coletivamente, sejamos sempre capazes de obter os melhores resultados com as ferramentas e possibilidades que temos.

Procure esclarecer suas dúvidas junto à Prefeitura Municipal, ou com técnicos da área: ficaremos satisfeitos em ajudar!

Para saber mais: http://www.tratabrasil.org.br/